Predominante na agricultura comercial, os agrotóxicos não são
unanimidade. O agrônomo Roberto Selig defende uma economia rural livre
de produtos químicos. Dono de uma propriedade de 30 hectares em
Teresópolis, ele se posiciona no lado oposto ao dos defensores dos
pesticidas.
— É claro que a agricultura sobrevive sem agrotóxicos. Inviável é
sistematizar um produto que chega contaminado à população. Isso sem
falar da perda ambiental. Todos os cursos d’água que cortam esta região
cheia de pequenas culturas altamente dependentes de agrotóxicos vão
parar no Rio Preto, de onde saem 75% da água que abastece Teresópolis.
Aos
55 anos, Selig é pai de três filhas e avô de um menino. Ele conta que
virou produtor há 30 anos e que chegou a usar defensivos na lavoura. Mas
que, pensando na saúde da família, convenceu-se de que estava no
caminho errado. Hoje cultiva produtos variados em seu terreno, usando
técnicas naturais que dispensam o uso de agrotóxicos. Ele se tornou
defensor radical da agroecologia, uma proposta alternativa que aposta na
agricultura familiar e tem forte compromisso com a sustentabilidade.
Ele
ajudou a fundar a Associação de Agricultores Biológicos do Rio (Abio)
para difundir a agricultura orgânica e assistir o produtor. Hoje é um
dos responsáveis por uma feira de orgânicos na cidade. Para Selig, o
produto cultivado sem o uso de defensivos e fertilizantes químicos vai
conseguir cada vez mais espaço na preferência não só do consumidor, mas
também do produtor, barateando os custos e o preço nas prateleiras.
Outros
adeptos da agricultura orgânica têm opiniões semelhantes. Eduardo
Guimarães, responsável técnico pelo Sítio do Moinho, produtor de
Itaipava que fornece orgânicos para restaurantes, hotéis e supermercados
do Rio, diz que a demanda, hoje, ainda é muito maior que a oferta:
—
O preço dos orgânicos tem caído. E a tendência é que cair mais à medida
que mais produtores forem adotando este modelo de produção.
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