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segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Águas do Açude Gargalheiras em Acari-RN estão poluídas


As águas do açude Marechal Eurico Gaspar Dutra, em Acari (201 km de Natal/RN), mais conhecido como Gargalheiras, a terceira maravilha do Rio Grande do Norte, têm a cor da poluição. Nessa época do ano, do alto do açude, se observa uma mancha verde nas margens do reservatório, resultado, segundo pesquisadores, da eutrofização do manancial [multiplicação de microorganismos aquáticos]. De perto, quando se coleta um pouco dessa água, o aspecto amarelado levanta suspeitas de que a qualidade não é boa.

As águas do açude Gargalheiras estão contaminadas, segundo pesquisadores e estudiosos da região, e a nascente dessa poluição está a pouco mais de 15 km, no  município de Currais Novos, cidade que tem hoje, somente na zona urbana, 37.777 habitantes e onde o tratamento de esgotos é ineficiente.  Os dejetos coletados [segundo dados da Caern em cerca de 81% dos domicílios] são represados em lagoas de estabilização obsoletas, construídas há quase 20 anos, e desgastadas pela ação do tempo. 

De lá, os efluentes são lançados praticamente "in natura" no leito do rio São Bento, que corta a cidade de Currais Novos e desagua no rio Acauã, principal afluente da bacia do Gargalheiras. Na quarta-feira, 07, a reportagem da TRIBUNA DO NORTE visitou uma das estações de tratamento de esgoto, a ETE Mané-Mago, nas proximidades do bairro Gilberto Pinheiro, e constatou que no entorno da estação existem canais - espécie de córregos, que carreiam toda a carga de efluentes sanitários para o leito do rio.
Em, pelo menos, 500 metros dessa área, percorridos pela reportagem, o que se viu foi um "riacho" de fezes. As águas servidas que descem canal abaixo são pesadas, de cor muito escura e fétidas. A fedentina polui o ar e incomoda. Em vários trechos o acúmulo de matéria orgânica é visível a olho nu. Segundo moradores ouvidos pela reportagem os canais que passam pela fazenda onde está localizada a ETE Mané-mago terminam no leito do rio, que por ser intermitente, está seco essa época do ano. 

Ao longo de seu curso, além de efluentes provenientes do esgotamento sanitário, o rio São Bento recebe resíduos químicos e hospitalares, detergentes, saponáceos e rejeitos da agropecuária. O problema é antigo. Desde 2007, pesquisadores e estudiosos da região denunciam a contaminação das águas do rio e do açude Gargalheiras e reclamam da ausência de soluções concretas. 

Nas últimas semanas, durante audiências públicas e reuniões, realizadas nos municípios de Acari e Currais Novos, o debate foi retomado. Vereadores, representantes dos dois governos municipais e do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia [ Campus de Currais Novos] decidiram pela criação de uma Comissão Permanente de Luta contra a poluição do Rio São Bento e do Gargalheiras.


Pesquisador alerta para os riscos 

Embora não exista relatório atualizado que comprove a contaminação das águas do Gargalheiras, quem defende a despoluição, desde 2007, aponta  a eutrofização do manancial, vista a olho nu, como um potencial problema de saúde pública. O professor de Biologia Celton de Moura, do IFRN [Campus de Currais Novos] é um dos pesquisadores da contaminação das águas do Gargalheiras. 

Ele afirma que são vários os fatores de poluição. Além do esgoto, disse ele, tem-se o problema dos defensivos agrícolas, dos rejeitos da  indústria de mineração; da agricultura e da pecuária, que são levados para as águas do Gargalheiras, nos períodos de chuva. Também se discute a degradação devido à ocupação desordenada no entorno do Gargalheiras, sem o controle do rejeito de esgoto. 

Mas o ponto principal de poluição é a entrada de efluentes de Currais Novos. "As populações ribeirinhas de Acari tem pontos de contribuição para a poluição local, mas é de menor impacto". Não dá, segundo Celton de Moura, para responsabilizar uma ou duas edificações, quando uma cidade inteira, como Currais Novos, lança seus dejetos praticamente in natura no leito de um rio que desagua no Gargalheiras. "É uma discrepância alta".

Moura descarta a contaminação, em níveis elevados, das águas do açude por metais pesados e resíduos agrotóxicos. "Ela existe, sim, mas não chega a níveis inaceitáveis. 

Caern nega contaminação no Gargalheiras

O diretor técnico da Companhia de Águas e Esgotos  do Rio Grande do Norte - Caern, Ricardo Varela, admite que o tratamento dos esgotos, nas estações em atividade na Cidade de Currais Novos, está fora dos padrões exigidos pela legislação em vigor, mas nega que isso leve riscos de contaminação às águas do acude Gargalheiras. Ele garante que quatro estações de tratamento estão funcionando e são monitoradas pela Companhia.

Fonte: Tribuna do Norte

Para ler a reportagem na íntegra, clique AQUI

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