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quinta-feira, 14 de julho de 2011

Entrevista com Betânia Ramalho » secretária estadual de Educação

Bate-papo
Betânia Ramalho » secretária estadual de Educação

O sindicato pode decretar a volta ao trabalho e retomar a greve no dia posterior. Se isso acontecer, qual será o posicionamento da Secretaria?

Nós temos assessorias jurídicas, sessões do Governo que tomam para si essas causas. Nós temos que nos concentrar naquilo que é nossa obrigação, sabendo que eu faço a intermediação. Estou sempre disposta a receber o Sindicato, a buscar os caminhos. Agora, se outra greve porventura acontecer, teremos que ser orientados. Eu não acredito que isso vá acontecer. Mas caso sejamos surpreendidos com isso, iremos ter que conduzir mais uma dificuldade que interfere fortemente, exclusivamente nos direitos dos alunos, no prejuízo ao aluno que vai fazer vestibular, Enem. A gente está com uma tarefa enorme que é recuperar a dignidade da educação do estado.

A senhora reconhece que os maiores prejudicados são os alunos do terceiro ano do ensino médio?

Certamente. Não há discordâncias em relação a isso. Poderíamos ter chegado a um acordo sem greve, com o aluno em sala de aula. Essa foi a proposta. Nós temos uma pauta com o Sindicato para discutir não só a greve, mas também os deveres dos professores. Eles falam dos direitos mas falam muito pouco dos deveres e das consequências do trabalho. Os resultados da educação são inaceitáveis no Rio Grande do Norte.

Há tempo para preparar esses alunos?

Eu tenho dito que o tempo perdido é irrecuperável. Nós estamos planejando atividades e algumas estratégias para tentar minimizar o prejuízo. O prejuízo não é dessa greve apenas. É uma agenda de greves cuja repercussão dificulta, interrompe, mata as expectativas de muitos alunos. Eu preciso que haja uma reflexão sobre o prejuízo das paralisações. A educação é estratégica na vida de uma pessoa.

O Sindicato acusa que o Governo Estadual demorou muito para abrir um canal de negociação e foi intransigente em muitas tentativas de diálogo...

Isso não é verdade. Foram mais de 16 reuniões com o Sindicato. O Sindicato deve avaliar internamente as divergências que tem. Há um grupo enorme do Sindicato, que representa a diretoria que não pensa assim. Há uma dificuldade do próprio Sindicato atender ou aderir ao que o Governo está pleiteando que é uma mesa de negociações permanente. Começamos as negociações em janeiro, portanto não há intransigência. Eles pensam na causa política, na causa partidária e por último pensam no aluno como uma bandeira de luta mas isso não se evidencia nas atitudes. Todos os pleitos poderiam ter sido atendidos com os alunos em sala de aula.

A senhora acredita que o calendário pós-greve é exequível?

Claro que é. Não tem o que achar. É cumprir o calendário que vai incidir nos sábados, vai incidir no mês de janeiro inteiro.

O ensino público estadual é estigmatizado como algo que não surte efeito em vestibulares, por exemplo. Quais são seus objetivos para mudar esta realidade?

Começa pela reorganização da Secretaria, que depois de dez secretários em oito anos não tem um projeto de educação, não tem um plano estadual de educação. Nós estamos reorganizando tudo. Há uma secretaria que precisa de uma compreensão enorme de todos. Essa é a nossa tarefa hercúlea.

Se Betânia Ramalho não fosse a secretária estadual de Educação e sim a mãe de um aluno pobre que recorre à educação estadual, como analisaria a situação atual?

Eu fui aluna da rede pública. Se eu não fosse secretária de Educação, eu estaria tão indignada como devem estar muitos pais que revelam indignação em relação aos resultados da educação que são entregues aos seus filhos.

Fonte: Tribuna do Norte

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